segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cuidado com os automatismos 'corretos'

O ser humano desde que começou a inventar coisas, foi para se sentir melhor, para viver melhor, para tornar as coisas mais fáceis para ele, como muitas tecnologias, coisas automáticas, que inutilizam a força humana e muitas vezes o pensamento, sem falar nas normas, maneiras desejáveis e indesejáveis de ser e agir que também foram criadas, pois dizem que o ser humano necessita de limites, mas acredito também que deve haver um certo limite para tais normas e maneiras desejáveis de agir.
Criar e utilizar-se de automatismos corretos (esse termo eu aprendi nas aulas da autoescola, chique não?) também tem um limite, porque devemos saber improvisar quando o automatismo falha (aqui surge algo como tipo a direção defensiva), mas antes que eu perca totalmente o foco do meu texto, quero dizer que quando a gente sai do modo automático da nossa vida, ou seja, nos tiram da nossa rotina, do nosso manual de agir, ficamos completamente perdidos.
“E agora?  Dizem que eu não posso agir dessa maneira, porque estaria demonstrando fraqueza. Oh, não posso chorar na frente dela/dele”. Mas, e se ser fraco é o que eu quero/preciso ser no momento?

O que eu quero dizer, é que a gente não pode ficar deixando esses automatismos levarem a nossa vida. É como se eles fossem nos matando aos pouquinhos, matando nosso neurônios. Eu estou tão cansada de ouvir quais as formas certas de agir e olha que não sou mais uma garotinha revolucionária de 17 anos. A gente tem que estudar, trabalhar, ganhar dinheiro para sobreviver, mas não podemos nos acomodar com coisas que nos matam aos poucos. Talvez, os alienados a esses automatismos sejam mais felizes (mortos?) e menos conflitantes com seus pensamentos (burros?). É sempre algo maior e intocável justificando a acomodação: “É o meu destino”, “Deus quis assim”, “Era para ser”, blá blá blá...  Às vezes, realmente é tudo isso, mas eu ainda acho que a gente pode levantar e sair da rotina do destino e quem sabe descobrir outros caminhos. Na verdade, eu acho que as pessoas culpam o destino, quando já cansaram de lutar, quando se conformaram com situações, muitas vezes tristes e isso me revolta. Como é ruim conhecer casais que dizem: “ah eu não amo ele/ela, mas a gente aprende a amar, ele/ela é tudo que eu preciso”. É bem como disse um incrível poeta, “rebaixamos o amor ao estado de utilidade”. E olha que eu acredito no algo mais, na força positiva e em coisas inexplicáveis, mas acredito que isso não depende de nenhuma força externa, grandiosa e arbitrária, mas sim de algo interno, um desejo interno que não existe manual nenhum que consiga desvendá-lo. E como eu sei disso? Eu não sei na verdade. Eu só sinto. E toda vez que sinto isso, me sinto viva. E quando sinto que estou sendo guiada por algum ‘automatismo’, me sinto morta, sem cor, sem pétalas, sem sorrisos e sem neurônios.

Raquel Fernandes

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