O ser humano desde que começou a inventar coisas, foi para se
sentir melhor, para viver melhor, para tornar as coisas mais fáceis para ele,
como muitas tecnologias, coisas automáticas, que inutilizam a força humana e
muitas vezes o pensamento, sem falar nas normas, maneiras desejáveis e
indesejáveis de ser e agir que também foram criadas, pois dizem que o ser
humano necessita de limites, mas acredito também que deve haver um certo limite
para tais normas e maneiras desejáveis de agir.
Criar e utilizar-se de automatismos corretos (esse termo eu aprendi
nas aulas da autoescola, chique não?) também tem um limite, porque devemos
saber improvisar quando o automatismo falha (aqui surge algo como tipo a
direção defensiva), mas antes que eu perca totalmente o foco do meu texto,
quero dizer que quando a gente sai do modo automático da nossa vida, ou seja, nos
tiram da nossa rotina, do nosso manual de agir, ficamos completamente perdidos.
“E agora? Dizem que eu
não posso agir dessa maneira, porque estaria demonstrando fraqueza. Oh, não
posso chorar na frente dela/dele”. Mas, e se ser fraco é o que eu quero/preciso
ser no momento?
O que eu quero dizer, é que a gente não pode ficar deixando
esses automatismos levarem a nossa vida. É como se eles fossem nos matando aos
pouquinhos, matando nosso neurônios. Eu estou tão cansada de ouvir quais as
formas certas de agir e olha que não sou mais uma garotinha revolucionária de
17 anos. A gente tem que estudar, trabalhar, ganhar dinheiro para sobreviver,
mas não podemos nos acomodar com coisas que nos matam aos poucos. Talvez, os
alienados a esses automatismos sejam mais felizes (mortos?) e menos
conflitantes com seus pensamentos (burros?). É sempre algo maior e intocável justificando
a acomodação: “É o meu destino”, “Deus quis assim”, “Era para ser”, blá blá blá...
Às vezes, realmente é tudo isso, mas eu
ainda acho que a gente pode levantar e sair da rotina do destino e quem sabe
descobrir outros caminhos. Na verdade, eu acho que as pessoas culpam o destino,
quando já cansaram de lutar, quando se conformaram com situações, muitas vezes
tristes e isso me revolta. Como é ruim conhecer casais que dizem: “ah eu não
amo ele/ela, mas a gente aprende a amar, ele/ela é tudo que eu preciso”. É bem
como disse um incrível poeta, “rebaixamos o amor ao estado de utilidade”. E
olha que eu acredito no algo mais, na força positiva e em coisas inexplicáveis,
mas acredito que isso não depende de nenhuma força externa, grandiosa e arbitrária,
mas sim de algo interno, um desejo interno que não existe manual nenhum que
consiga desvendá-lo. E como eu sei disso? Eu não sei na verdade. Eu só sinto. E
toda vez que sinto isso, me sinto viva. E quando sinto que estou sendo guiada
por algum ‘automatismo’, me sinto morta, sem cor, sem pétalas, sem sorrisos e
sem neurônios.
Raquel Fernandes
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