terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Me belisca para ver se eu to...Viva!

Certa vez conversava com um amigo sobre experiências, decepções e maturidade. Nos questionávamos se haveria um dia em que nós não nos abalaríamos mais com nada e então, não nos decepcionaríamos com as pessoas. Perguntávamos-nos, se isso seria sinônimo de força, de maturidade.
No momento não encontramos nenhuma resposta, mas ele me disse que se maturidade fosse isso, ele nunca queria amadurecer, porque imaginava que uma vida sem abalos, poderia ser chata e sem graça. Tempos depois, com algumas decepções na bagagem, comecei a refletir sobre a idéia e entendi o quanto a dor nos faz sentir vivos.
Pode ser esquisito, mas as lágrimas, a dor, o sofrer nos dão um choque de vida. As pessoas vão se segurando o quanto podem, para não sofrer, para não chorar, mas sabem que quando o fazem, é como se fosse uma espécie de prazer, de alívio. Esse sentimento é o sentimento de vida. Talvez seja por isso, que o sofrimento possa ser viciante, porque te faz sentir vivo. Todos nós precisamos de algo que ataque um de nossos sentidos ou todos de uma vez só.
Quando nos cortamos, sangramos e sentimos uma dor terrível, é como se estivéssemos andando em uma linha reta e monótona e de repente alguma coisa sai do ritmo e nos faz sentir: Eu tenho vida.
Agora eu entendo aquele lutador que dizia que gostava de sentir dor, que era uma “dor boa”. Mas eu ainda continuo dispensando esse tipo de intensidade de sentidos, prefiro escutar uma música, sentir medo, ter um ataque de risos até a barriga doer e até chorar.
E quem diz que já não se surpreende com nada, que não se abala, não se emociona, precisa tentar. Como já disse Humberto Gessinger em uma de suas canções, sempre deve haver alguma coisa que ainda te emocione. “Um vinho tinto, um copo d'água, a chuva no telhado, um pôr-de-sol. Deve haver alguma coisa que ainda te emocione”.
Por isso, hoje, eu valorizo cada momento, cada indício de vida, cada chuva, dor, decepção, cada olhar, cheiro. Alguns momentos a gente perde, mas perder também é necessário. Meus 24 anos talvez sejam poucos para isso, mas me atrevo a dizer, que maturidade seja isso, explorar cada sentido. Amanhã talvez descubra, que eu esteja errada e me decepcione novamente, mas enquanto estiver viva, poderei chegar a novas conclusões.

Raquel Fernandes

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